Vivemos numa altura em que surgem constantemente avanços científicos e tecnológicos, em que tudo é demasiado técnico, mecanizado e especializado. A medicina moderna não escapa a esta tendência e inevitabilidade. Os constantes avanços são uma grande ajuda, tanto para os médicos como para os pacientes, mas estes mesmos avanços tornam-nos reféns de um mundo em constante aceleração, em que as inovações rapidamente se tornam obsoletas. Perante inúmeras opções de tratamento, muitos materiais e talvez demasiados estudos, o médico-dentista depara-se hoje com a difícil decisão de eleger qual o melhor tratamento a prestar ao seu paciente. Este trabalho pretende despertar a consciência para a abordagem e tratamento do paciente de forma holística, respeitando as estruturas do corpo e promovendo o equilíbrio do paciente como um todo. Só desta forma se consegue tratar as desarmonias de forma duradoura. Deve o médico-dentista que realiza ortodontia ter a sensibilidade para diagnosticar alterações que condicionem o sucesso do tratamento e o bem-estar geral do paciente e, sempre que necessário, encaminhar o paciente para outras especialidades. A cavidade oral é bem mais do que as arcadas dentárias com os seus dentes alinhados, é através dela que surge a fala e que o ser humano se alimenta, é também através dela que bebemos e podemos também respirar. O fôlego, o sopro, a voz e a doçura do beijo, a expressão de felicidade e de desânimo… a boca!
Dra. Noémia Eleutério Silva (in Preâmbulo da dissertação para o Master Ortodontia Universitat de Lleida, Maio 2017)